Vera Jacobina

Nas nossas diferenças, nos encontramos.

Textos

"O IMPORTANTE É COMPETIR E NÃO GANHAR"!
Desculpe-me a expressão: mas que diabo de frase é essa, que ouço desde criança, quando participávamos de alguma gincana, olimpíadas, soletrando, etc? Ainda hoje, entramos para perder ou ganhar? Não seria mais importante, mostrar que, as vezes se ganha, e as vezes se perde?
Eu, simplesmente descobri que, o que importa sempre, é ganhar, e não competir, diante do que venho expor, a seguir:
Essa frase, perde todo o sentido, e me parece maquilagem, de um sistema excludente, que exclue e expõe o aluno que joga menos, que acham por isso, ser mais fraco, e outros rótulos, que não vou enumerá-los para não perder tempo. Vamos a questão do fato acontecido ou melhor que está acontecendo aqui em minha cidade, e que deve acontecer em outros locais desse nosso Brasil. Sou professora, e sei da necessidade de estarmos nos atualizando, principalmente em relação à inclusão. Sei também, que todos os projetos atuais, devem conter essa questão e serem postos em prática. Hoje já vemos eventos como peças teatrais, tratando do assunto, como também já utilizam mecanismos e acessos para cegos, surdos, mudos, cadeirantes, etc.  
Nessa época, acontece aqui, os jogos municipais, tendo a participação de várias escolas, tanto públicas, como particulares. Meu sobrinho, portador da síndrome de down, tem 12 anos, estuda em uma escola regular, torcedor do São Paulo e do Bahia, independente, que escolhe suas próprias roupas,  filmes, peças, enfim, uma criança como outra qualquer, se não fosse o preconceito e a discriminação. Eu entendo que todos nós precisamos de inclusão, seja porque usamos óculos, e ao participar de algum evento, precisamos nos posicionar de forma que possamos ver melhor, ou seja pela questão da audição e outros motivos.
Essas crianças têm suas limitações, mas precisamos usar os mecanismos existentes, para que a inclusão se faça presente. Bom, no primeiro dia,  ele jogou  uns 3 minutos, no segundo dia, ficou no banco de reserva. Imaginem uma criança que se prepara  para jogar, e fica o tempo todo sentado, vendo os colegas jogarem e ele não. Hoje deixei o V Seminário Regional de Educação Inclusiva: direito à diversidade, do qual estou participando, e fui conversar com o professor que, diga-se de passagem, fez de tudo, para evitar-me. Esperei que todos os jogos terminassem, mas nesse período, fui a faculdade e conversei com um professor de educação física e um advogado, professor da casa também. Para minha surpresa, descobri, que a mesma, não se envolve com esses jogos, e não apóia  essas atitudes excludentes.  Sabem por que?  Porque a universidade defende justamente a inclusão! E aquilo lá, é uma guerra, onde o que vale é só ganhar, onde toda criança fica tensa e nervosa, por conta das presssões e exigências. Onde eu vi, uma criança ( um craque, diga-se de passagem) chorar por fazer um gol, por emoção, e  poder mostrar e botar pra fora tudo que lhe vinha na alma, podendo assim desabafar.
Bom! Continuei esperando o professor vir conversar comigo. Quando isso aconteceu, estava presente,  um  outro professor que ficou ali para intermediar a conversa., e que o tempo todo, eu achei tendencioso, porque também é professor de educação física, mas muito falante e com idéias contrárias as minhas. Na verdade, eu não sabia porque ele estava ali. Creio que era porque uma pessoa conhecida  achando-me nervosa, pediu-lhe que servisse de mediador.
O professor resolve dar o ar da graça: procurei ficar calma, o que pra mim era muito difícil naquele momento, e começamos a conversar. Quem mais falou foi o outro, e aí percebi toda a manobra, é uma classe que só se preocupa em fazer nome, em agradar aos pais de quem está jogando e o mesmo foi claro, quando me disse: se eu colocar para jogar, e perderem, me crucificam. Nesse momento percebi que as escolas exigem também isso deles, que no banco de reserva ficam as crianças consideradas fracas e o intermediador dessa conversa, ainda me disse o seguinte, quando questionei se a faculdade comungava com aquilo, com aquela guerra, com um esporte excludente, ele disse não! A política deles é diferente, é includente! Mas também, porque ninguém nunca fez um projeto visando isso? Eu imediatamente respondi, e você que estuda lá, por que não faz? Eu estou às ordens se precisar. É claro que ele que trabalha numa escola elitizada onde tem que dizer sim a tudo, não vai se envolver, o que é uma pena, porque sei que no futuro, quem não estiver envolvido em projetos onde a inclusão aconteça, não irá para a frente. São pessoas das cabeças pequenas, que não enxergam um palmo a frente do nariz, a não ser fazer nome, e mostrar serviço a escola particular, que é onde trabalham. O professor quase não falou, a não ser por monossílabos, e o outro, numa pressa danada, despediu-se assim: pronto! Tudo resolvido, ele já se posicionou. Eu retruquei dizendo que o mesmo ainda não havia se posicionado, e que eu não estava ali, porque meu sobrinho era um coitadinho, e sim porque ele tinha condição de jogar, sei que ele tem suas limitações e que não precisa jogar todo o tempo, mas sei dos seus direitos.  O tempo todo, o outro professor ficou colocando palavras na boca do técnico, o que chamei sua atenção.  Ficou decidido o seguinte: que o jogo amanhã será tranqüilo, incrível !Eles já sabem, o que irá acontecer amanhã. (E se der zebra?). Por isso meu sobrinho pode jogar, estão também discriminando de alguma forma, as crianças que jogarão amanhã, chamando-as de forma velada, de fracos.
O que me chamou também a atenção, foi saber que o professor ensina em três colégios. Como será a metodologia dele, para manter a imparcialidade?
Vou aguardar. Faltarei mais um dia no Seminário, para lutar por uma causa nobre, sei que é pouco, mas vou plantar minha sementinha.
Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 28/10/2010
Alterado em 18/08/2011


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