EU ESCRAVA
TRAVESSIA DA ÁFRICA PARA O BRASIL
Oh que saudade da minha terra! Do meu povo meus amigos, Que saudade da saudade, Que outrora era boa. Mas nessa travessia, Que não sei pra onde vou, Lanço-me num vôo... E viajo no tempo. Uma viagem que dá dó, Numa procura incessante Em busca dos meus, Dos amigos que deixei. Sinto fome, medo e frio, Muitas vezes calafrios, Uma vontade louca, Como a sede em minha boca. De abraçar minha gente, Todos os meus parentes, Nesse cansaço, Que me deixa quase inerte. Eu relembro, Minha vida, Lá na pátria tão querida, África, África, África... Minha mãe! Onde todos me entendem, E falamos a mesma língua, Hoje porém, tudo é incerto. E por certo, não sei pra onde vou. Essa gente, Não conhece sentimento, Para mim é um tormento, Essa triste travessia. O que sinto, É uma agonia. O banzo é constante, Mesmo assim eu consigo lembrar. Lá, do além-mar, Onde tudo era aconchego, E eu vivia no sossego, No meu querido doce lar. Trabalho sugerido por mim, aos meus alunos do oitavo ano, onde eles deveriam colocar-se no lugar do escravizado, elaborando um pequeno texto, escrito na primeira pessoa utilizando pelo menos a metade das palavras a seguir: sede, cansaço, revolta, tempo,África, povo, amigos, parentes, medo, saudade, fome e língua. Questão extraída do livro: História, Sociedade & Cidadania de Alfredo Boulos Júnior. Nova Edição, Editora FTD - São Paulo - 2009.
Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 14/03/2011
Alterado em 11/11/2011 |