LEMBRANÇAS
A menina rodopiava feliz naquela roda. Hoje jaz num leito, não fala coisa com coisa. Para onde foi a menina que muito traquina, deixava seus pais inquietos a percorrerem os quatro cantos, e ela, como por encanto, sumia? Hoje beirando a morte perdeu o brilho, está pálida o rubor sumiu da sua face, só o seu espírito de bondade, a sustenta e a faz encarar seus últimos dias. Mas ainda percebo em seu corpo franzino, uma força inacreditável que vem do âmago, do mais profundo do seu ser. Difícil de acreditar que aquela menina é ela, aquela mulher... Sofrida, encolhida... Mas que um dia e não faz muito tempo, era cheia de vigor, distribuía alegria e muito amor. Parecia que tinha um sol, um sol, só pra ela. Hoje fico a pensar o que é a vida que dá e tira... De criança nos faz mulher, e de repente a gente sente, que não somos semente, que vamos morrer! E nesse processo que torna-se retrocesso, sou acometida de imensa tristeza, misturada a beleza da resignação que observo no rosto daquela mulher... E consigo ainda encontrar sinais daquela menina no rosto daquele ser, que agora só vejo sofrer e padecer. Mas guardo na lembrança o tempo de criança, também da adolescência, que nos acompanhou e nos fez crescer. Um dia fomos crianças, de sorrisos largos e brincalhonas, Tínhamos sonhos adocicados não existia o pecado, a vida pra nós era um doce. Hoje como num sopro, percebo que a vida é curta, que de repente viramos adultas, mas insisto em guardar a imagem de nós meninas. Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 29/08/2012
Alterado em 29/08/2012 |