Vera Jacobina

Nas nossas diferenças, nos encontramos.

Textos


O CASARÃO

As três amigas iam por uma estrada cuja paisagem, era linda. Uma delas havia recebido de herança, um casarão, situado numa cidadezinha que não conheciam, e como tinham aquele gostinho de aventura, o que é peculiar nos jovens, resolveram num fim de semana, conhecer o referido imóvel. Já estavam exaustas por conta do calor, quando avistaram um moço sentado numa pedra embaixo de uma frondosa árvore. Pararam e perguntaram a ele se ainda estava distante o tal casarão. Ele muito simpático, disse que não, que seguissem em frente e logo o encontraria. Assim elas continuaram, encantadas com a beleza do rapaz, que tinha lindos olhos azuis, cabelos louros cacheados e um jeito gentil de ser que chamou a atenção das moças. Seguiram viagem. Não demorou, viram de longe a imponente construção. Na porta estava um senhor, de semblante cansado, parecia levar o mundo nas costas. Entraram e ele foi mostrando tudo. De repente surge, vindo lá de dentro uma senhora sorridente, muito alegre. Era dona Brígida, que arrumava e cozinhava quando havia visitas. Isso desde sempre, porque sempre morou ali, nas dependências dos empregados. Todos partiram quando o primo Basílico faleceu, mas eles dois ficaram, não tinham para onde ir. Era só aquilo que sabiam fazer. Continuar trabalhando ali, sabiam tudo daquele lugar. Elas gostaram do casarão, mas sentiram arrepios quando Brígida começou a contar as histórias, que diziam respeito aos parentes distantes de Elvira, que não tiveram filhos e moraram ali, até o dia de suas mortes. Se alimentaram e foram para seus quartos, estavam muito cansadas. Na manhã seguinte, saíram para um passeio, e perceberam que os habitantes do lugar as olhavam com curiosidade. Foram até o rio, e encontraram alguns jovens tomando banho e crianças brincando. Era um lugar realmente bonito. Nadaram até a exaustão, quando resolveram fazer um lanche, esticaram uma toalha quadriculada vermelha e branca e se deliciaram com as guloseimas feitas por Brígida. Ela sabia como mimar e agradar as pessoas, sempre com aquele sorriso largo na cara. Voltaram a noitinha, e o senhor sisudo, lá estava, sem olhar diretamente pra elas, foi dizendo, que não seria bom saírem a noitinha, que ali dormiam cedo e foi desejando boa noite e saindo. O que fariam, se estavam acostumadas a dormirem tarde, perguntavam. Foram para o quarto, e entre brincadeiras e risadas, terminaram dormindo. Sonharam com uma porta escondida, justamente ali, naquele casarão. Pela manhã, descobriram que as três, tiveram o mesmo sonho. Começaram em comum acordo, procurar aquela porta. Chegaram a essa conclusão, porque acharam estranho as três terem tido o mesmo sonho. Procuram daqui, procuram dali, e nada. Resolveram ficar mais tempo, e procurar a bendita porta. No quinto dia que lá estavam, Brígida comunicou que ela e o senhor Aprígio, fariam uma viagem. Acho estranho, mas nada disseram. Continuaram a procurar, e lá, no jardim, descobriram uma passagem entre as plantas, e deram de cara com a porta. Rodaram a maçaneta e a mesma abriu. Entraram curiosas e ao mesmo tempo com receio, viram móveis antigos empoeirados, vasos e outros utensílios. Viram álbuns de fotografias, livros com suas páginas amareladas pelo tempo, guarda-roupas com roupas femininas e masculinas, demonstrando o bom gosto dos donos das mesmas. Quando pensaram que já tinham visto tudo, outra porta aguçou a curiosidade das três, e, ao abri-la, pararam espantadas com o que viram. Quadros grandes com pinturas daquele que devia ser o primo distante de Elvira, do rapaz que encontraram na estrada e pasmem, encontraram também cartas que falavam da morte deles e também de Brígida e do senhor Aprígio. Saíram correndo dali e foram até o cemitério em busca dos túmulos onde deveriam estar enterrados. Não deu outra, era verdade, aquelas pessoas tinham falecido há muito tempo atrás. Estavam apavoradas e ficaram sabendo através dos moradores da cidadezinha, que o casarão era mal assombrado e que muitos já viram àquelas pessoas. Elvira imediatamente resolveu vender a propriedade. Foram buscar suas coisas que arrumaram rapidamente com medo que os dois aparecessem, e entraram no carro. A amiga que ia atrás, grita apavorada, porque na porta do casarão, estava Brígida, o senhor Aprígio e o moço bonito, acenando.
Vera Jacobina
Enviado por Vera Jacobina em 20/11/2019
Alterado em 20/11/2019


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